A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero, que, através da publicação de suas 95 teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas.
domingo, 20 de junho de 2010
Castigo e levar a cruz são a mesma coisa
Levar a Cruz para o cristão e o castigo, diferem numa porção de maneiras importantes. Geralmente se consideram iguais as duas idéias, e as palavras que as encarnam são empregadas uma pela outra. Há, porém, aguda distinção entre elas. Quando as confundimos, não estamos pensando com precisão; e quando não pensamos com precisão acerca da verdade, perdemos algum benefício que doutra forma poderíamos usufruir.
A cruz e a vara aparecem juntas nas Escrituras Sagradas, mas não são a mesma coisa. A vara é imposta sem o consentimento daquele que sofre. A cruz não pode ser imposta por outrem. Mesmo Cristo suportou a cruz por livre escolha. Da vida derramada por Ele na cruz, disse Jesus: "Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou" (Jo 10.18). Ele teve todas as oportunidades para escapar da cruz, mas firmou em Seu semblante a rija resolução de ir para Jerusalém e lá morrer. A única compulsão experimentada por Ele foi a compulsão do amor.
O castigo é um ato de Deus; levar a cruz é uma ação do cristão. Quando Deus com amor baixa a vara nas costas dos Seus filhos, não pede permissão. Para o crente, o castigo não é voluntário, exceto no sentido de que está resolvido a fazer a vontade de Deus, ciente de que a vontade de Deus inclui castigo. "Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita o todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como a filhos); pois, que filho há a quem o pai não corrige" (Hb 12.6,7).
A cruz nunca vem sem ser solicitada; a vara sempre vem assim. "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mar 8.34). Eis aí uma escolha clara e inteligente, que o indivíduo deve fazer com determinação e previdência. No reino de Deus ninguém jamais tropeçou na cruz.
Mas o que é a cruz para o cristão? Obviamente não é a peça de madeira que os romanos usavam para executar a sentença de morte em pessoas culpadas de crimes capitais. A cruz é o sofrimento que o cristão padece em conseqüência do fato de seguir a Cristo com perfeita obediência. Cristo escolheu a cruz ao escolher o caminho que levava a ela; e assim é com os Seus seguidores. No caminho da obediência ergue-se a cruz,e tomamos a cruz quando entramos nesse caminho.
Como a cruz se ergue no caminho da obediência, assim o castigo se acha no caminho da desobediência. Deus jamais castiga um filho perfeitamente obediente. Considere os nossos pais segundo a carne; eles nunca nos puniram por obediência, mas, sim, por desobediência.
Quando sentimos a dor causada pela vara, podemos estar seguros de que saímos temporariamente do caminho certo. Inversamente,a dor proveniente da cruz significa que permanecemos no caminho. Mas o amor do Pai não é nem mais nem menos, onde quer que estejamos. Deus nos castiga, não para que possa amar-nos, mas porque nos ama. Numa casa bem dirigida, um filho desobediente pode esperar castigo; na família de Deus, nenhum cristão negligente pode ter esperança de escapar dele.
Entretanto, como podemos dizer em determinada situação, se a nossa dor vem da cruz ou da vara? Dor é dor, venha donde vier. Jonas, fugindo da vontade de Deus, não sofreu pior tempestade que Paulo, que se achava no centro da vontade de Deus; o mesmo mar furioso ameaçou a vida de ambos. E Daniel na cova dos leões esteve em dificuldade tão grave como Jonas no ventre da baleia. Os cravos ferem tão fundo as mãos de Cristo a morrer pelos pecados do mundo, como as mãos dos dois ladrões que morrem por seus próprios pecados. Então, como podemos distinguir da vara a cruz?
Penso que a resposta é clara. Quando chega a tribulação, basta ver se é imposta ou escolhida. "Bem-aventurados sois", disse o Senhor, "quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós" (Mt 5.11). Note que Jesus especifica: "mentindo, disserem todo mal contra vós". Estas palavras mostram que o sofrimento deve sobrevir voluntariamente, deve estar dentro da nossa escolha maior, de Cristo e da justiça. Se a acusação que os homens gritam contra nós for verdadeira, não se lhe seguirá nenhuma bem-aventurança.
Iludimo-nos a nós mesmos quando fazemos dos justos castigos que recebemos uma cruz, e nos regozijamos por aquilo de que, ao contrário, deveríamos arrepender-nos. "Pois, que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, e suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus" (1Pe 2.20). A cruz está sempre no caminho da justiça. Somente sentimos a dor que vem da cruz quando sofremos por causa de Cristo e por nossa escolha voluntária.
Creio que há também outra espécie de sofrimento que não se enquadra em nenhuma das categorias acima consideradas. Não provém da vara nem da cruz, e não é imposto como um corretivo moral, nem é resultado da nossa vida de testemunho cristão. Ele vem no curso da natureza e surge dos muitos males herdados pela carne. Visita igualmente a todos, em maior ou menor grau, e não parece ter qualquer significado espiritual. Sua causa pode ser fogo, enchente, perda, ferimentos, acidentes, enfermidades, velhice, fadiga ou, em termos gerais, as conturbadas condições do mundo. Que fazer a respeito?
Bem, algumas grandes almas têm conseguido tornar até mesmo estas aflições moralmente neutras em bem. Orando e humilhando-se, rogaram à adversidade que se fizesse sua amiga, e transformaram o rude pesar num mestre capaz de instruí-las nas artes celestiais. Não podemos imitá-las????
W. Tozer
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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