sábado, 18 de fevereiro de 2012

Politica e religião, estado e igreja?

Incialmente gostaria, de deixar claro que tenho ficado estarrecido com o comportamento da bancada evangelica junto ao senado! Ao ponto de revindicarem direitos se utilizando até de força bruta e um linguajar no mesmo nivel do mundo. Veja o video abaixo:





O que me chama mais atenção é que olhando alguns comentarios,  pessoas dizendo: "É hora de lutarmos por nossos direitos, mostrarmos nossa força". Afinal estamos lutando pelo nosso proprio orgulho ou pela causa do mestre? Estamos preocupados com o reino terreno ou o reino dos ceus (que Jesus tanto falou e se preocupou tanto)?

Tenho vergonha as vezes do que vejo acontecendo no meio do povo de Deus e como disse um pastor aqui na igreja estamos perdendo o rumo do céu, sem nem ao menos perceber! Será que Jesus brigaria com Herodes ou César por causa de alguma declaração politica?- Acho que não leitores!  Vejo na biblia um Jesus que soube muito bem a diferença entre a igreja e o estado e nunca misturou as coisas.

"Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus"

Essa carta escrita abaixo foi enviada para um prefeito récem eleito de santa evangelica do Norte. O novo prefeito evangelico, pertecente a um partido que nunca governou aquele municipio. Da mesma forma, lá nunca houve um prefeito evangelico, situação muito dierente da de Santa evangélica do Sul, onde o prefeito, renomado cantor evangélico, está em seu  segundo mandato. Primeiro foi eleito pelo PFL, transferindo-se logo para PPB. Pouco depois oi para PTB e, em seguida, foi para o partidode Reedificação da Ordem nacional - Prona.

Segue abaixo a carta:

Meu caro amigo e irmão,


Escrevo estas linhas logo após o meu retorno de
Santa Evangélica do Norte, ainda sob o impacto
dos últimos acontecimentos. Foi um privilégio
estar presente na sua posse e no culto de ação de
graças que a seguiu. Quando nos conhecemos, seis
anos atrás, você era apenas um jovem militante
sindical. Nunca imaginei que um dia fosse chegar
a prefeito, e prefeito evangélico. Você, que era
ateu e achava que evangélico era a pior coisa que
já apareceu neste país! Levou tempo para superar
essa idéia, não é? Mas, quando mudou, mudou para
valer.

Sabe, quando você se converteu, eu, que estava
longe, aqui na capital, tinha um certo receio.
Temia que você abandonasse a política, renunciasse
ao mandato de vereador e mergulhasse somente
no trabalho da igreja. Estranho um pastor dizer
que temia isso, não é? Mas eu temia, sim, porque
você era claramente um vocacionado para a política,
mas andava com um grupo de crentes avessos a
tudo isso. Esse grupo foi bom para você em muitos
aspectos, mas dizia que a única coisa que melhorava
o mundo era Jesus no coração e que a política
era perda de tempo. Não sabia que Jesus, que deve
estar no coração de todos, é também o transformador
da cultura.

Na época, você não tinha argumentos contra os
deles, mas continuou a atividade política como
que por costume. Vivia uma vida cindida: na
igreja, era o supercrente; na política, era o
militante de sempre, com a nova identidade
evangélica acrescentada, mas não integrada.
Ficava uma coisa postiça. Era uma situação que
não podia durar para sempre, e eu temia que se
resolvesse com a sua saída da política.

Felizmente, meus temores não se concretizaram.

Você ficou na política (e na igreja!). E cresceu
nas duas. Agora que o evangelista da igreja virou
prefeito da cidade, meu medo é outro. Você vai
achar que nunca estou contente! Mas é assim: a
política é importante, mas é sempre perigosa,
porque mexe com o poder. Relacionar fé e política
é como andar na corda bamba; nunca se pode relaxar
e achar que já dominou a técnica.

Meu medo é outro porque nos últimos tempos você
anda com evangélicos que não têm nenhuma rejeição
à política. Pelo contrário, acham que são iluminados
por Deus para consertar a política. Acham
que os evangélicos têm o direito de governar,
pelo simples fato de serem evangélicos. Que as
promessas do Antigo Testamento a Israel se aplicam
aos evangélicos hoje. Estão empolgadíssimos
com a sua vitória porque acham que será o ungido
de Deus para transformar Santa Evangélica do Norte
em protótipo da Nova Jerusalém. Na cadeira de
prefeito, você será canal para as bênçãos divinas.
"Deus entregou esta cidade nas nossas mãos",
um deles orou no culto de sua posse.

Então, meu medo agora não é que você rejeite a
política, ou que continue sem integrar a política
com a sua fé, mas que você integre fé e política
sem tensões, de uma forma ingênua e triunfalista,
se esquecendo que todos nós somos falhos e
pecadores. Essa turma da teologia do domínio não
aprendeu bem a teologia, nem a história. Se os
seus primeiros amigos evangélicos demonizavam toda
e qualquer política, os seus novos amigos demonizam
a política dos outros e divinizam a sua própria.
Você precisa lembrar que a política é feita por
homens e mulheres imperfeitos e pecadores, mesmo
que sejam cristãos sinceros. É por isso que
precisamos da transparência democrática, de
pecadores vigiando outros pecadores, pois na
política ninguém é digno de receber uma carta branca
para governar.

Esse pessoal faria bem em conhecer um pouco a
experiência de dois países onde evangélicos com
essa teologia se tornaram presidentes. Na Zâmbia,
um evangélico chamado Frederick Chiluba ganhou a
eleição para presidente em 1991. Todo mundo ficou
contente, porque foi um dos primeiros países africanos
a restaurar a democracia. Chiluba, como
você, entrou na política por meio da militância
sindical. O regime lá era de partido único, e
Chiluba acabou na prisão. Lá, ele se converteu.

Quando a democracia começou a ser restaurada, ele
se tornou candidato da oposição a presidente.
Ganhou folgado. Mas as expectativas que o povo
tinha foram frustradas. Não demorou para Chiluba
começar a imitar o antigo regime. Só não instituiu
um partido único. Mas intimidou a oposição,
mudou a constituição para seu maior adversário
não poder concorrer na eleição seguinte, e agora
está querendo mudar a constituição de novo para
poder se reeleger pela segunda vez. Desrespeitou
os direitos humanos, não cumpriu muitas promessas
eleitorais, favoreceu o próprio grupo étnico
dele e mergulhou na corrupção.

Bem, isso acontece em muitos lugares do mundo,
mas Chiluba desmoralizou não apenas a si mesmo;
desmoralizou também o cristianismo. Quando assumiu
a presidência, ele fez três atos significativos.
Primeiro, chamou um grupo de evangélicos
para fazer uma cerimônia de purificação do palácio
do governo, botando para fora os espíritos
maus que ele associava ao governo anterior. Em
segundo lugar, fez uma cerimônia de unção, inspirada
na unção do rei Davi. E em terceiro lugar,
fez uma cerimônia declarando a Zâmbia uma "nação
cristã". Dizendo que "uma nação é abençoada quando
entra num pacto com Deus", ele se arrependeu
em nome do povo "de nossos maus caminhos de
idolatria, feitiçaria, ocultismo, imoralidade,
injustiça e corrupção":


Eu submeto o governo e a nação inteira ao
senhorio de Jesus Cristo. Ainda declaro que a
Zâmbia é uma nação cristã que procurará ser
governada pelos justos princípios da Palavra
de Deus. A retidão e a justiça devem prevalecer
em todos os níveis de governo, e aí
veremos a justiça de Deus exaltando a Zâmbia.

Parece que Chiluba fez essas coisas influenciado
por uma teologia na qual tais atos simbólicos
trazem benefícios quase automáticos. Ele disse
que a Zâmbia entrou num pacto com Deus e por isso
ele está abençoando a nação de tal forma que
"vamos deixar de ser um país devedor e nos tornar
um país credor".

A reação dos líderes eclesiásticos foi variada.
Alguns disseram que a declaração de uma "nação
cristã" foi um erro, porque não tinha havido um
debate democrático a respeito, criaria cidadãos
de segunda classe, incentivaria a hipocrisia e
traria descrédito sobre o cristianismo. A Zâmbia
se tornaria realmente uma nação cristã, disseram,
quando cristãos vivessem plenamente a sua
fé, e não por meio de uma declaração.

Outros líderes evangélicos, porém, ficaram empolgados.
Não precisava de debate democrático,
disseram, porque o que é bíblico não precisa ser
submetido a procedimentos democráticos! Achavam
que, já que era "nação cristã", pastores deveriam
ter posições no governo, o governo deveria dar
terrenos para as igrejas construírem e a construção
de mesquitas muçulmanas deveria ser proibida.
Alguns queriam um Ministério de Assuntos Evangélicos,
cadeiras cativas no parlamento e acesso
ilimitado ao palácio presidencial.

Mas, depois de um tempo, mesmo alguns dos adeptos
mais fervorosos do presidente começaram a
ficar desgostosos. Chiluba convidava pessoalmente
alguns evangelistas famosos a fazerem cruzadas
evangelísticas no país. O próprio Chiluba
falava nessas cruzadas também. Mas, quando ele
tentou convidá-los de novo, muitos líderes evangélicos
se recusaram a apoiar, dizendo que as
igrejas, e não o governo, é que deveriam fazer os
convites. Você vê que um governo "evangélico"
acaba dividindo os próprios evangélicos, porque
não há concordância sobre o que é tarefa do governo
e o que é tarefa das igrejas. E porque não
há dinheiro, favores e cargos suficientes para
todos!

O maior evangelista da Zâmbia era grande
defensor de Chiluba. Mas, depois de certo momento,
ele se desvinculou e virou um dos maiores
opositores. Fundou um partido e quer se candidatar
a presidente, dizendo que "não se deve entregar o
país a incrédulos". Diz que a Zâmbia não é uma
nação cristã porque os líderes não vivem segundo
as normas do cristianismo. Segundo ele, Chiluba
não deveria ter declarado o país uma "nação cristã"
até que todos os membros do governo fossem
nascidos de novo. O país não precisa de alguém
com muita competência e conhecimento para mudar a
economia; precisa apenas de alguém com moral e
integridade. Alega que Chiluba só mantém o apoio
de alguns líderes cristãos porque distribui
dinheiro do governo para eles e porque ameaça
retirar os passaportes diplomáticos que os principais
pastores têm, se criticarem o governo.

Percebe como as coisas ficam embaralhadas?

Aconteceram coisas parecidas na Guatemala, o país
com maior porcentagem de evangélicos na América
Latina. Lá, já houve dois presidentes evangélicos.
O primeiro era um general extremamente repressivo,
que enquanto presidente aparecia na
televisão todo domingo para pregar para o povo.

Hoje ele diz que, para ele, não havia diferença
entre ser chefe de estado e ser ancião de sua
igreja: "Como presidente, eu apenas ministrava a
uma congregação maior"! Ele via a nação como uma
megaigreja e o chefe de estado, como um mestre de
verdades espirituais. O segundo presidente evangélico
era líder leigo de uma grande igreja. Na
época de sua campanha para presidente, ele dirigia
também uma campanha de batalha espiritual
chamada "Jesus é Senhor da Guatemala". Era uma
campanha para livrar o país de uma suposta maldição
colocada sobre ele três mil anos antes por
causa de religiões pré-cristãs. Como era de uma
igreja de elite, os membros alugavam aviões para
expulsar os demônios da região que sobrevoavam.

Como presidente, ele foi um desastre: não aprofundou
a democracia, deu continuidade às velhas práticas
de compra de votos e foi corrupto. Aí, tentou
um golpe, fechando o congresso e suspendendo a
constituição. Não deu certo, e ele teve de fugir
para o exílio.

Cuidado, então, com esse triunfalismo político
evangélico. Cuidado com os evangélicos que se
acham capazes de governar! Temos de entender a
diferença entre o Antigo e o Novo Testamentos.

Nenhum país hoje está na posição de Israel no
Antigo Testamento. Nenhum grupo pode reclamar um
direito divino de governar. Esse pessoal que diz
que os evangélicos devem governar nunca promove
debates dentro da comunidade evangélica. Como
estabelecer um projeto comum? Quais evangélicos
estarão no poder? Isso eles nunca discutem.

A nossa política pode ser confessional (inspirada
pela nossa fé), mas não devemos querer um
Estado confessional. Não é bom que o Estado se
torne juiz de doutrinas e práticas religiosas.
Você também, como prefeito, terá de entender a
diferença entre ser um legislador evangélico e um
governante evangélico. São papéis diferentes, com
implicações diferentes para sua responsabilidade
cristã. Como bom governante cristão, você precisará
ser neutro entre todas as religiões (inclusive
aquelas de que não gostamos), e entre
religiosos e ateus. Você precisará perceber,
também, a fronteira entre as tarefas de um
governante e as de um cidadão evangélico comum.

 
Chiluba, promovendo cruzadas enquanto presidente,
se complicou nesse ponto.
Mais uma coisa para terminar: você se lembra
daqueles pastores que o atacaram durante a campanha,
dizendo que você era candidato do diabo?
Pois bem, logo você vai perceber que esses mesmos
pastores estão querendo se aproximar de você,
tratando-o com (aparentemente) o maior respeito.

Sabe por quê? Porque agora você não é mais candidato,
mas "autoridade instituída por Deus". Vão
cortejá-lo porque têm uma teologia que quase
diviniza o poder; e porque querem estar próximos
do prefeito, seja quem for, para não perder vantagens.

Mas fique sabendo que, do mesmo jeito que
o abraçam agora, podem esfaqueá-lo pelas costas
depois. Estou falando, é claro, dos piores entre
eles. É possível que alguns outros passem realmente
por uma mudança de visão, principalmente se
você fizer um bom governo. O importante é você
tratar todo mundo igual, mas não acreditar em
tudo que ouve. Às vezes se brinca no meio evangélico
que a última coisa que se converte é o bolso.

Mas não é; é o fascínio pelo poder.
Você agora é prefeito, é "autoridade". Mas
para mim você continua a ser uma pessoa de pouco
tempo na fé, que precisa de discipulado. Tomara
que quando deixar a prefeitura você esteja mais
maduro na fé do que estava quando entrou. E que
Santa Evangélica do Norte seja um pouco melhor
também!

Um grande abraço fraterno





 

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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