terça-feira, 15 de junho de 2010

Gospel ou Secular ?

Tenho acompanhado através de sites e blogs cristãos na internet a crescente preocupação com o volume absurdo de invencionices, modismos e heresias que afloram nas igrejas ditas evangélicas. Seria hilário – se não fosse trágico – a capacidade de criação de tamanhos absurdos.

E o pior: existe uma legião de crentes idólatras que defendem com unhas e dentes os criadores de tamanhas bizarrices, muitos por ignorância, outros por vontade.

A cada dia, percebe-se que a igreja evangélica institucional se afasta do Evangelho e é levada “em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Efésios 4.14). O rebanho, magro e desnutrido biblicamente, é facilmente ludibriado por tais líderes.


Pão e Circo


Assim como na Roma antiga – no que diz respeito ao social – alguns líderes evangélicos praticam com o povo a política “panem et circenses” (política do pão e circo) – no aspecto espiritual. Nos dias da Roma antiga, devido a fatores socioeconômicos, houve um considerável êxodo dos moradores das regiões rurais em direção a Roma. Sem emprego e sem ter o que comer, a multidão se tornava um perigo crescente para ordem social, levando o império a tomar uma decisão que entorpeceria o povo, fazendo-os esquecer da realidade.


Tudo muito simples: de modo constante ocorriam lutas envolvendo gladiadores nos estádios, sendo o Coliseu o mais conhecido de todos. Durante as lutas o povo era “gentilmente” alimentado. Enquanto se divertiam com o show de horrores e se alimentavam, a multidão ficava “domada”, tranqüilizando os dominadores sociais.


E hoje em dia, o que temos visto em locais que, hipoteticamente, deveriam se concentrar na exposição das Escrituras? A pregação bíblica, doutrinariamente correta, que acordaria o povo brasileiro foi substituída por pão e circo. Rápidos em domesticar seus discípulos, alguns lideres evangélicos criam uma parafernália tão grande de remendos que assusta e nos faz perguntar: qual o limite disso tudo? Onde isso vai parar?

Os mais nervosos da ala que advoga por seus líderes costumam dizer: “Peraí, eles estão pregando o Evangelho e ganhando almas, e vocês, críticos?”. Argumento tão superficial e raso como uma poça d’água. E se estão de fato pregando o Evangelho, sempre fica a pergunta: Que Evangelho é esse? Que Jesus é esse? Ganhando almas e suprimindo cérebros?


A igreja evangélica tem inflado – e não crescido – com um contingente que não ousa pensar, não ousa raciocinar, não ousa sequer consultar nas Escrituras a veracidade do que seus dominadores (vide bispos, apóstolos, levitas, profetas) anunciam. Voltemos ao exemplo da igreja primitiva de Beréia (Atos 17.11), pelo amor que devemos ter ao Reino de Deus!

A seguir os mais recentes absurdos religiosos vistos recentemente no mundo gospel. Na seqüência uma proposta de retorno ao Evangelho, puro e simples. Cabe ao leitor usar a razão – e não a emoção – para discernir se os exemplos relatos correspondem aos princípios que norteiam a fé cristã – bíblica e ortodoxa. Cabe ao leitor o exame das Escrituras.


Vale também lembrar: não estou julgando pessoas, estou analisando doutrinas e práticas; o texto trata apenas do superficial do assunto, pois se ousasse escrever sobre todos os absurdos que já vi, escreveria um livro, e não apenas um artigo. Cada qual é um exemplo das insanidades do universo gospel Brasil



André Valadão, um dos líderes da Igreja Batista da Lagoinha, cantor gospel solo e no Ministério Diante do Trono, lançou recentemente uma linha de camisas com alusão à Copa do Mundo de Futebol 2010 – África do Sul. Tal material carrega a palavra “Fé” na camisa, tema de um dos trabalhos do moço.




Entendo que livros, CDs e itens relacionados à propagação do Evangelho demandam capital para elaboração bem como existe toda uma cadeia produtiva e comercial diretamente relacionado a tal, o que justifica até certo ponto os preços de muitos produtos. É preciso lembrar também que estamos no Brasil, e a carga tributária em nosso país é absurda, envolvendo cada etapa de produção, onerando de modo estratosférico o preço ao consumidor. O duro, é ver que neste lucrativo filão, a cada dia surge um caminhão de quinquilharia para agradar os ávidos consumidores do mercado gospel. O que antes se restringia a materiais de apoio ministerial, hoje é um ramo de negócio pronto a saciar o anseio consumista do povo evangélico.



A tal camisa “amarelinha” por si só não é o problema, afinal, compra quem quer. O problema está no desdobramento que tais produtos causam. É duro ler comentários do nível abaixo, que atestam que cada vez mais os crentes se tornaram massa de manobra, mergulhados na ignorância bíblica e cheios de misticismo:



“nossa…com certeza…com essa camisa ungida o Brasil vai ser Eptacampeão (sic)…!!!”


“Com essa camisa receberemos uma porção dobrada! a groria (sic) da 2ª casa sera melhor (sic) do que a primera! (sic) AMEM!”


“recebi a minha camisa.. ela é abençoada… linda… estou muito satisfeito… vlw”


“Essa camisa é um sinal de FÉ que o Brasil vai ganhar a copa e vai ser alcançado por JESUS! To esperando a minha chegar… UhUlL!”


“COM ESSA CAMISA A NOSSA SELEÇÃO GANHARIA FÁCIL.FÁCIL….

O dito popular reza: “Deus é brasileiro”. Creio que a turma gospel que lançou as mensagens que citei acima pensa assim. Pensa que Deus, na Sua magnífica beleza e esplendor, está de fato preocupado se seleção A ou B vai ganhar. E pior, pensam que por conta da camisa-amuleto-gospel o Brasil será não apenas campeão, mas um lugar melhor.

Peça para a maioria dessa turma uma simples definição sobre justificação, redenção ou Trindade e se prepare para uma tormenta de assustar.

“Mas ‘pra que’ saber definir assuntos relacionados a essa chatice de Teologia? Queremos ser uma geração de adoradores sem limites e extravagantes que pretendem ser encharcados pelas chuvas e arder no fogo da unção”. O leitor conhece alguém assim?


É o mal do pragmatismo que insiste em lançar uma pá de cal em 2.000 anos de Teologia Cristã. Triste, mas real


Fonte: [ NAPEC ]


Retirado do blog: Bereianos

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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